Tribunal suspende servidão administrativa concedida à Savannah Resources

Sociedade
O Tribunal Administrativo e
Fiscal de Mirandela aceitou uma providência cautelar interposta pelas partes
afetadas a pedir a suspensão imediata da servidão administrativa concedida à
Savannah Resources para poder aceder a terrenos privados e baldios das aldeias
de Covas do Barroso e Romaínho, no concelho de Boticas, para a prospeção de
lítio.
O despacho suspende todos os
trabalhos na área de servidão até decisão futura do tribunal. Esta quinta-feira,
as comunidades destas duas aldeias estão no terreno para “assegurar a suspensão
imediata dos trabalhos e travar um projeto que ameaça o seu bem-estar, as
serras e o futuro do Barroso”, referiu a Associação Unidos em Defesa de Covas
do Barroso.
A população está no terreno a certificar-se
de que as máquinas param. “Estamos no terreno a ver se as máquinas param e
se saem das terras. Neste local onde estamos estão paradas, não vemos aqui
ninguém”, assegurou Nélson Gomes, um dos elementos desta associação.
Em comunicado, a Associação
Unidos em Defesa de Covas do Barroso, a Comunidade de Baldios e a Junta de
Freguesia de Covas do Barroso referem que “o tempo da servidão acabou”.
“Vimos isto com bons olhos. Não
faz sentido nenhum o Governo emitir uma servidão e permita que uma empresa privada
entre nos terrenos e façam a destruição total como estão a fazer. Temos aqui
terrenos que praticamente a destruição que fizeram é irreversível. São danos que
não são passíveis de mitigar”, disse ainda Nélson Gomes ao Canal Alto Tâmega.
Segundo estas três entidades, que
há sete anos se opõem à exploração de lítio e outros minerais a céu aberto, o
Ministério do Ambiente foi notificado na quarta-feira, 5 de fevereiro, e estará
obrigado por Lei a cumprir a decisão.
Em outubro, a Savannah Resources
recorreu à figura de servidão administrativa temporária para acesso aos
terrenos privados e baldios de Covas do Barroso, tendo sido concedido, conforme
despacho publicado em Diário da República a 6 de dezembro, pelo Gabinete da
Secretária de Estado da Energia. A secretária de Estado da Energia, Maria João
Pereira, autorizou a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um
ano. Essa servidão foi agora suspensa pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de
Mirandela.
Face à notícia, a Savannah
Resources confirmou ter sido notificada da providência cautelar e garante que
os trabalhos foram suspensos, estando apenas a decorrer manobras de segurança.
“Confirmamos que fomos
notificados da providência cautelar. Já a esperávamos e com normalidade a
acatamos. As equipas no terreno pararam já temporariamente o trabalho que têm
vindo a fazer nos últimos dois meses, estando hoje apenas a fazer manobras de segurança”,
disse a empresa em nota enviada à redação.
A Savannah Resources refere ainda
que, “a providência cautelar é um direito estabelecido na lei, tal como as suas
consequências para todos. Com serenidade, trataremos este processo como os
tantos outros já intentados pelo mesmo grupo opositor, e esperamos
regressar ao trabalho rapidamente.”
Na nota enviada a empresa não
adianta se esta paragem poderá interferir com a data de início de produção,
prevista para 2027.
Sara Esteves
Foto: DR
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