BOTICAS: ‘’GERMINAÇÃO’’ encerra Cenas de Maio 2022
Cultura
Trata-se dum espetáculo construído com muita graça, imaginação e música, a partir de um cativante texto de Abel Neves, um dos autores portugueses vivos mais representados no país e fora dele. A boa disposição sente-se logo na sinopse da peça, fornecida pela companhia e redigida, registe-se o requinte, em verso. Reza assim, sem tirar nem pôr: Alpindo e Boleta são dois amigos gaiteiros e também pantomineiros. Para eles a vida é jardinagem e uma constante viagem. Gostam tanto de histórias e de viajar que levam nas mochilas muito que contar. Falam tanto de reis da história de Portugal como de palavrinhas inventadas com sabor musical. Fazem germinar ideias como o rio dá lampreias. Um podia ser Florindo e a outra Borboleta Mas ei-los, meninas e meninos, Alpindo e Boleta, num teatrinho de canção que se chama Germinação.
A encenação está a cargo de Abel Duarte, um dos fundadores da companhia, que partilha também a representação com a atriz Dóris Marcos. Sandra Neves responde pela cenografia, adereços e figurinos, enquanto Fernando Mota assegura a direção musical.
O Teatro Regional da Serra de Montemuro nasceu há 32 anos na aldeia de Campo Benfeito, concelho de Castro Daire. O crítico teatral Manuel João Gomes, já falecido, numa das suas crónicas, chamou a atenção para a singularidade deste projeto artístico e cultural nos seguintes termos: “Se há coisa que não fizesse sentido em Portugal na década de 90, seria ver um grupo de atores a desbravar e a povoar os penhascos frios de Campo Benfeito, no alto da Serra de Montemuro. Menos lógico seria ainda se, no meio da trupe, se encontrassem atores, encenadores e dramaturgos portugueses e ingleses”.
A verdade é que, contra todas as expectativas, enfrentando ventos e marés, o Teatro da Serra de Montemuro vingou e afirmou-se como um dos grupos mais originais e profícuos do panorama teatral português, apresentando um teatro popular mas de reconhecida qualidade. Adaptou à linguagem cénica textos de Graeme Pulleyn, Eduardo Correia, Abel Neves, Steve Johnstone e Térèse Collins, entre outros ilustres dramaturgos. Por obrigação e também por vocação, assumiu-se como companhia itinerante e, nesta senda, levou a todo o país, mesmo a sítios que nunca tinham visto qualquer espectáculo teatral, mas também ao estrangeiro peças inesquecíveis, a começar por Lobo-Wolf (1991) e continuando com Canto da Cepa, Sucata Sisters, A Taberna, Hotel Tomilho, Qaribó, Futebol, Os 4 Clowns do Apocalipse (presente em anterior edição de Cenas de Maio), Memórias Partilhadas e tantas outras. Abel Neves, autor da peça, colabora há muitos anos com o Teatro da Serra de Montemuro.
Cenas de Maio 2022 é uma iniciativa da associação Fórum Boticas e do seu grupo de teatro e conta com o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Boticas.
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