Nova solução para Ponte Veral-Monteiros agrada a populares e autarquias

Depois de um longo período negocial entre os municípios de Boticas e Vila Pouca de Aguiar e a Iberdrola, as mais recentes alterações propostas pela empresa espanhola agradaram às populações e respetivos autarcas. A obra, na ordem dos quatro milhões de euros, deverá arrancar até ao final deste ano.

Está encontrada a solução para a histórica passagem pedonal que liga Veral, no concelho de Boticas, a Monteiros, no concelho de Vila Pouca de Aguiar: uma nova ponte, com dois metros de largura e 242 metros de comprimento, a jusante da existente, a cargo da Iberdrola, empresa espanhola responsável pela construção do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET).

 

Para Fernando Queiroga, presidente da Câmara Municipal de Boticas, depois de “muitas vicissitudes”, paira o sentimento “de dever cumprido”. “Esta foi uma luta que travámos (durante) longos meses. Chegou a uma altura em que tivemos mesmo de ter outro tipo de discurso e de propostas, porque as nossas reuniões eram sucessivamente adiadas”, bem como “a proposta que a Iberdrola tinha para nos apresentar”.

 

“Eu e o meu colega (autarca) de Vila Pouca de Aguiar chegámos, inclusive, a formatar uma petição para submetermos uma ação judicial para que se resolvesse (o assunto) de uma vez por todas. O bom senso imperou e não foi necessária essa situação”, começou por explicar o autarca.

 

A proposta em causa foi enviada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) às autarquias e apresentada às populações de Veral e de Monteiros, no dia 18, numa reunião realizada, em simultâneo, entre autarcas e populares das respetivas localidades.

 

Recorde-se que, em janeiro de 2023, os habitantes de Veral e de Monteiros juntaram-se numa ação de luta em defesa da reposição da Ponte de Arame, uma vez que a Iberdrola “apresentou como solução a retirada e consequente recolocação da estrutura de arame numa das margens, mas apenas como valor patrimonial, opção que os habitantes discordam, solicitando, por isso, que seja encontrada uma alternativa de passagem o mais breve possível”, explicou, à data, a autarquia de Boticas.

 

“Sempre pedimos uma passagem pedonal, sabíamos do custo que (a mesma) iria acarretar e que não poderia ser, naturalmente, uma passagem automóvel, o que nunca foi posto em causa. O que dizíamos é que esta era uma passagem que existia e que tinha de ser reposta”, vincou Fernando Queiroga.

 

A nova solução apresentada pela empresa espanhola passa por construir uma nova ponte, com dois metros de largura e 242 metros de comprimento, a jusante da existente, nas margens do rio Tâmega, mantendo a histórica ligação pedonal entre os dois concelhos e, consequentemente, a proximidade entre os populares das aldeias de Veral, em Boticas, e Monteiros, em Vila Pouca de Aguiar.

 

Segundo Fernando Queiroga, a população de Veral mostrou-se “satisfeita” com a solução proposta, sendo que a obra deverá avançar “ainda este ano”. A este propósito, o autarca revelou que, embora não tenha tomado uma decisão antes de reunir com os populares, mal viu o projeto, este obteve a sua “concordância”, uma vez que, a par do “superior” interesse dos botiquenses, reconhece potencial turístico na construção.

 

“Além da necessidade e do direito que aquela gente tem a esta passagem, naturalmente também há aqui uma atratividade turística que nós quisemos trazer para aqui, sempre com o pressuposto de zelar pelos interesses das nossas populações, nesta e noutras situações que temos no concelho”, frisou.

 

Do lado de Vila Pouca de Aguiar, a nova proposta obteve “luz verde” do autarca Alberto Machado e dos habitantes de Monteiros, entretanto comunicada à APA através de um ofício, adiantou o município aguiarense.

 

“Após reunião com a comunidade de Monteiros (...), emite-se parecer favorável à solução técnica de ligação entre Monteiros e Veral e respetiva avaliação ambiental”, lê-se nesse mesmo documento.

 

Alberto Machado referiu, ainda, neste mesmo ofício que “a comunidade de Monteiros” deu nota de “outras alternativas para os acessos de obra, aproveitando caminhos existentes e que já foram utilizados noutras situações (e) que poderão ser consideradas em fase de projeto de execução”.

 

A construção da nova Ponte estará a cargo da Iberdrola, num investimento global que ronda os quatro milhões de euros. Deste montante, 500 mil euros serão comparticipados pelas duas Câmaras Municipais, Vila Pouca de Aguiar e Boticas.

 

“Demonstrámos, desde o início, a nossa vontade, que (a Ponte) tinha de ser feita, daí disponibilizarmos alguma verba, já que sabemos que também vai ser uma alavanca para aquelas localidades de atratividade turística”, reiterou Fernando Queiroga.

 

A obra deverá ser colocada a concurso já em outubro, prevendo-se a sua conclusão no final do verão de 2024. No próximo mês serão, também, encerradas as comportas da barragem do Alto Tâmega, inserida no SET, estando o enchimento da mesma previsto para o início do segundo trimestre do próximo ano.

 

 

Mariana Ribeiro

 


21/09/2023 Fotografias: CM Boticas e Vila Pouca de Aguiar

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