Ponte de arame não foi reposta e a estrutura está submersa

A passagem entre as duas aldeias dos concelhos de Boticas e Vila Pouca de Aguiar está interdita. Para assegurar a deslocações das populações de Monteiros e Veral foi disponibilizado um serviço de táxis gratuito.
A ponte de Arame, que liga as
aldeias de Veral, concelho de Boticas, e Monteiros, em Vila Pouca de Aguiar, encontra-se
submersa pelo Rio Tâmega e a passagem entre as duas aldeias está interdita.
Esta travessia pedonal estava
prevista ser retirada em outubro devido à construção da barragem do Alto
Tâmega, inserida no Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET). A população e os
autarcas exigiram à empresa concessionária do SET a reposição da infraestrutura,
tendo sido apresentado um projeto que obteve “um parecer favorável por parte
dos municípios”, depois de o terem apresentado às populações.
Recentemente, os autarcas de
Boticas e Vila Pouca de Aguiar ameaçaram interpor uma providência cautelar para
impedir o desmantelamento da ponte de arame, até que fosse formalizado um
documento, com a Iberdrola, para a reposição da travessia que ficaria submersa
com o enchimento da barragem do Alto Tâmega, equacionado para este mês, outubro,
a par do desmantelamento.
Como a formalização do documento “não
foi conseguida”, entre as autarquias e a Iberdrola, as Câmaras de Boticas e
Vila Pouca de Aguiar deram seguimento à medida judicial. “Contratamos um
advogado que avançou com uma comunicação ao Tribunal, à APA [Agência Portuguesa
do Ambiente], e à Iberdrola, salientado que essa ponte é uma travessia
municipal e que não estavam autorizados a tocar na ponte enquanto não fosse
formalizado a sua reposição”, referiu o presidente do Município de Vila
Pouca de Aguiar, ao canal Alto Tâmega.
Alberto Machado apontou que a empresa
responsável pela construção das barragens na região diz que não ter “procedido
ao encerramento de comportas, mas a verdade é que, a ponte de arame neste
momento está submersa”.
Com a ponte interdita submergida,
o autarca revelou terem comunicado à empresa o acontecimento. Entretanto, e
segundo Alberto Machado, a Iberdrola “pediu uma reunião e enviou um
comunicado a dizer que estariam disponíveis para a construção dessa
infraestrutura e de outras soluções, mas continuamos sem formalizar”.
Para assegurar a deslocações das populações
foi disponibilizado um serviço de táxis gratuito. “Hoje, a Iberdrola disponibilizou
gratuitamente um serviço de táxis entre as duas populações para que se possam deslocar,
mas, de qualquer da forma, não é uma solução que nos agrade. Isso é uma solução
provisória”, vincou o autarca aguiarense que lamentou também, a posição da
Agência Portuguesa do Ambiente, “a quem compete supervisionar o processo, e
não está a fazê-lo”.
“Era completamente evitável
esta situação, que cria uma instabilidade grande nas populações. Veem o
conjunto de intenções e depois não as veem formalizadas”, conclui.
A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do SET prevê que todas as infraestruturas afetadas pela construção deste empreendimento hidroelétrico sejam repostas. As populações e autarcas lutam há anos pela reposição da ponte de arame.
O SET é um complexo formado por
três barragens e três centrais hidroelétricas: Alto Tâmega, cuja central
hidroelétrica deverá entrar em funcionamento em março de 2024, e Daivões e
Gouvães, que já estão em funcionamento comercial desde 2022.
Os dois autarcas, de Boticas e
Vila Pouca de Aguiar, têm uma reunião agendada com a concessionária do Sistema
Eletroprodutor do Tâmega e os advogados das duas partes para a próxima
sexta-feira, 3 de novembro.
31/10/2023 Jornalista: Sara Esteves Repórter de imagem: Carlos Daniel Morais
Sociedade